IT WAS AMAZON! EXPOSIÇÃO ITINERANTE CHEGA AO CEARÁ


IT WAS AMAZON! – Era uma vez a Amazônia! é uma coleção de desenhos elaborados em papel canson. A proposta de livre comunicação parte do índio Jaider Esbell, do povo Makuxi, estado de RR que já a expôs no Maranhão e Piauí. O foco é atingir todo o território nacional ao longo de dois anos e meio de viagem. O Ceará é o terceiro estado a receber a mostra, que inclui, além das obras, a presença física e a voz do artista como parte da itinerância. São 16 obras, em tamanho A3, elaboradas com técnica livre em papel preto e tinta branca de caneta Posca, japonesa. Carregada de significados visuais, a coleção traz todas as forças da floresta, dos seres e mundos da Pan-Amazônia. Amazônia mundial, lugar exuberante e plural, que vive a harmonia do equilíbrio com feridas cancerígenas provocadas pela corrida ao desenvolvimento. A catástrofe vem; é breve. Lá está o homem local, está o homem global, pois, em ciclo, não há começo ou fim, antecipa o artista, que é geógrafo especialista e vive na cidade desde os 18 anos. Vindo da terra ancestral de seu povo, hoje Terra indígena Raposa-Serra do Sol, demarcada e homologada, Esbell não deixa sua aldeia, leva-a ao mundo, com arte. O artista rebate que sua obra seja denúncia pura ou mero sensacionalismo. Ao integrar-se fisicamente na mostra, acredita ir muito além do encantamento, deslumbramento, ausência total de sentimentos, angústias ou alívios contemplativos. O artista fala de uma Amazônia atual, viva e agonizante, e mostra um leque de variedades antigas. Realidades incontestáveis e contestáveis, sim, traduzidas em fatos, mitologias vivas e o novo índio como possível; estando excluído, sendo peça central, fundamental. Do meio da floresta, questiona termos como índios “isolados”. Das montanhas do norte, fala de direitos garantidos, alternativas, políticas de organização. Do Nordeste, fala de identidade e não aceita a extinção de povos nativos locais. O artista defende e tenta evidenciar que seu trabalho de comunicação com arte transpõe qualquer limite ou categorização. Para o índio, que já ensinou e expôs nos Estados Unidos (Pitzer College, 2013) e hoje é um dos artistas mais influentes do Brasil (indicado ao prêmio PIPA 2016), ter tais habilidades não são meros merecimentos, é missão assumida, coisa de ancestralidade. O “novo” índio, completa o artista, não está mais no imaginário, está em todos os lugares, na cidade especialmente, firme no seu tempo e conectado nas redes plurais da contemporaneidade, projetando-se em bloco. O novo índio aceita e contribui com as modernas tecnologias, com a ciência, seja escrevendo, falando ou meramente existindo. Ele preserva e polui, consome e quer dignidade. Merece continuar assim, feliz, vivendo numa floresta viva, também. Esbell, sobrenome de origem francesa leva ainda mais o visitante a furar os cercos das limitações e (des)romantizar, de vez, o caos impresso nas láureas, pelo tempo. Provocação? Talvez. O artista convida a população cearense e turistas a uma conversa silenciosa diante das obras físicas. Talvez nos vejamos como parte do problema; sem dúvida somos parte fundamental das soluções, alerta.
A mostra acontece no Sobrado Dr. José Lourenço, local administrado pela Secretária de Cultura do Estado do Ceará, abre dia 06/08, sábado, às 10h da manhã, e permanece até o dia 31 de agosto.
Local: Rua Major Facundo 154, centro de Fortaleza.
Contato com o artista: 95 – 99959 2025 (TIM com WhatsApp) email: esb@hotmail.com