O que dizer a um diário?


Quando imaginei meu mundo eu me coloquei nele e fui buscá-lo misterioso. No meio do caminho o fogo se levantou e não era mais a caçada, agora são as caldeiras dos tempos consumindo tudo. Essa terra não era mais aquela e as coisas realmente boas eram batatas enterradas aguardando a primavera. Uma luz irradiante não tráz exatamente clarividência mas uma energia poderosa de sentimento composto prevalecendo a rebeldia, ou a falta de outras sensações como indignação, por exemplo. Ando em minha felicidade e ela parece ser o grande desejo, mas não está à venda e dou por merecimento. Com aquele nó na garganta grito do alto da montanha chamando os lobos da lua e eles chegam bem perto e logo recuam. Ah se te conto as agruras do meu coração; de ver que selvagens existem todos os dias e eles não são mais nós. Mudou, mudamos. Viver em estado de transitoriedade respirando gases venenosos me fazem sorrir embebecido. E tanto faz se somos gente, canibais agora comemos de talher. Há um segredinho vivo, vá movendo as peças e descolando-se para o norte, para a terra dos homens de olhos pequenos e das mulheres de cabelos penteados. Estamos no fim de tudo, da linha, do gênero, do alimento e no céu não há mais aves soltando penas em nossas cabeças e nem mais chuva vem. Entretanto, temos isso que se chama vida, que precisa de uma coisa chamada sentido, que ninguém acha e não há para comprar. Sentido dava em árvores mas estas jazem nos mitos. Sejamos mitos e constituamos lendas pois da real história ninguém mais aguenta de tanta repetição, caretice e maldade, pura maldade. Falte à aula hoje e fuja um pouco ficando aí mesmo. Notará que no mesmo dia alguém substituirá a tua pobre existência. O que adiantará chorar se só mesmo você é quem me ama? Aliás, amor não é como nada no mundo e com o fim de todos os mistérios, quanto vale mesmo tudo isso?