Exposição EPU-TÎTO – Artes e indígenas hoje – Textos da curadoria


Texto 10 – AS VIVÊNCIAS COM A ARTE E AS COMUNIDADES
Dois exemplos bem evidenciam as experiências coletivas com a arte indígena contemporânea envolvendo o artista Jaider Esbell e a comunidade. O painel produzido na comunidade Makuxi de Maturuca, na TI Raposa Serra do Sol e o painel coletivo realizado no encontro com a juventude indígena promovido pelo núcleo jovem do Conselho Indígena de Roraima, em 2014, na comunidade Barata. Em Maturuca, em uma semana de estudo, uma atividade coordenada pela escola envolveu direta e indiretamente toda a comunidade. Havia a necessidade de gerar material visual baseado na memória viva para uma comemoração importante. Aos alunos e professores, foi feito o desafio de levantar informações memorais. A atividade levou a escola a convidar o artista Jaider Esbell, que realizou oficinas de pintura, na qual a substância vinha das memórias pessoais dos estudantes ou eram coletadas a partir de perguntas direcionadas aos anciãos e mestres da cultura. O tema permaneceu em trajetória. A memória da luta histórica precisa estar viva e ativa no consciente dos jovens e crianças, que estão mais dentro do grande mundo e mais fora da comunidade. O painel coletivo realizado no encontro com a juventude indígena na comunidade Barata teve a presença de jovens de todas as regiões e de todas as etnias do estado. É possível perceber o fascínio do jovem, da criança, mesmo dos membros adultos da comunidade quando se realiza oficina de arte em seu ambiente. Expressar-se com cores e pinceis é parte da descoberta das artes pelos indígenas. Entre iguais, o fazer coletivo sobrepõe a ideia de arte-artista e faz indivíduos diferentes complementares, necessários.