Artes e culturas indígenas sem fronteiras – abordagens Macuxi no sertão Pernambucano


Macuxi é um povo indígena de Roraima, extremo norte do Brasil. Fora dos contextos étnicos de resistência e atuação política o povo que vive em reservas homologadas, em cidades, na Guiana, na Venezuela é ainda pouco conhecido, mas revela-se com força arrebatadora, nas artes. Protagonistas da última grande demarcação de terras ancestrais no Brasil atual, a Raposa Serra do Sol, os Macuxi encontram na arte contemporânea a ferramenta ideal para ganhar mais mundos permanecendo locais alcançando dimensões globais. Exemplos práticos, percebemos em Pernambuco, na exposição do premiado artista Macuxi Jaider Esbell que incorpora fotografias de jovens indígenas da comunidade Maturuca, município de Uiramutã. A ação envolve articulações, contextos, atores culturais a na prática é um grande exemplo de protagonismo positivo tendo a arte em suas funções mais abertas como palco de atuação. Às 16 obras da coleção IT WAS AMAZON (Era Uma Vez Amazônia) expostas na UAST somam-se 30 fotografias de jovens Macuxi alunos do fotojornalista pernambucano Alvaro Severo. As fotos foram produzidas nas oficinas do projeto “Olhar Brasileiro”, com patrocínio do edital FUNARTE de “interações estéticas” em Maturuca, no ano de 2013 e fazem um par perfeito para mostrar povo, indivíduos, coletividade, diálogos, tecnologias e arte. As 30 fotografias foram selecionadas por Alvaro Severo e Jaider Esbell e a curadoria buscou atender diferentes expectativas da sociedade serra-talhadense que poderá ter ampla visão sobre a cultura Makuxi na contemporaneidade. Recortes do cotidiano, da vida em comunidade, expressões culturais das técnicas e tecnologias, a relação com a terra e elementos imateriais podem ser percebidos quando mostrado pelos próprios indígenas manipulando livremente uma máquina fotográfica após período longo de violência e repressão. Ao mesmo tempo veem-se as mesmas relações de universalidade local nas obras de Jaider Esbell. O artista vencedor do Prêmio Pipa online 2016 imprime fortemente sua passagem expondo realidades plurais da Pan-Amazônia. Com linguagens múltiplas o artista certifica o alcance do povo Makuxi para dimensões antes impensadas em um país que nega veemente o direito pleno dos povos originários. A mostra será exibida na cidade de Serra Talhada na UAST, como parte das ações de ocupação das universidades públicas brasileiras. A abertura será às 19h do dia 07/11 com ritual de defumação com resina da árvore sagrada do povo Makuxi, a Maruai. Na abertura das exposições indígenas das etnias Pankararé e Pankararú reforçam a manisfetação cultural e de ocupação com expressões culturais próprias num grande ato de resistência, interatividade e cultura.