Texto 08 – PATA’YEWAN – CORAÇÃO DO MUNDO
O painel do artista Jaider Esbell apresenta uma de suas visões mais profundas sobre a vida e suas múltiplas possibilidades. A obra compõe o portfólio do artista no site e no catálogo impresso do prêmio Pipa, do qual foi vencedor, em 2016, na categoria online. Para o artista, tudo tem vida e é possível ilustrar. A ideia de uma germinação tem que ser estimulada. A busca pela forma palpável e visível é um fazer e um prazer da arte. O dom da criação não pode ser um fardo. Artistas são para desenhar a vida. O fluir e desmaterializar-se preenchidos de movimentos avessos dá a existência transitória, onde nos cabe. Mostrar o anticentro para obedecer às leis da antifísica. Desobedecem a tudo sem qualquer religião ou filosofia, pois arte escorre nos caules. Um campo de deuses e homens, onde as mais díspares criaturas se associam e se complementam. O artista desconfia que tudo é um despropósito, um divertir-se eterno em fazer e desfazer, que há verdade só mesmo até o limite de sua farsa. Foi dito pela natureza: não há mais nada além de mim, de meu estado de expansão, a imaterialidade. Seria essa a ideia cultural sobre religião, a espiritualidade. O alcance maior do nível do silêncio absoluto para a harmonia. O estado pleno para cair em um ponto de origem fundamental. E caímos bem em um tempo em que se pede. Se pede luz e transformação. E, nós, propomos o descascar, meio que refutar essa camada lodosa do tempo que não nos serve mais. Quando se exige existir no mundo prático, é de raiz, que se precisa. Quando a vida mostra lixo, algo está muito errado. É urgente fazer em nós um asseio, buscar uma luz para a regeneração. De toda a produção do artista, esta obra vem carregada de leveza e mostra a interação honesta de homem e natureza antes de um romper umbilical. Quando havia entendimento e era tudo um estágio de gestação estando tudo já definido. Seria antes de nascer tudo que existe, antes do homem caminhar e se rebelar contra seus propósitos, reivindicando sapiência.