SER FELIZ NA AMÉRICA LATINA


Na noite dessa sexta, 17/11/17, artistas se reúnem para mútuo fortalecimento existencial em experiência diferenciada com geopolítica crítica e espiritualidade. Música, poesia e artes visuais são os três motes que são lançados como chamamento a algo que pode parecer uma prática interessante, antes de estranha, pois busca-se viver melhor o sentido maior da espiritualidade nas artes. Artistas engajados em pensar seus próprios sentidos no mundo maior decidem convidar amigos, fãs e familiares para uma partilha de sentimentos.
A proposta é uma provocação do artista Jaider Esbell, indígena da etnia Makuxi, residente em Boa Vista-RR e atuante no mundo em redes fluidas que perpassam a internet. Atuar em redes é uma especialidade dos povos nativos do espaço físco que hoje conhecemos como continente americano. A provocação vem exatamente a partir da imagem aplicada na arte do evento, um mapa multicolorido e com aparente posição distorcida; não por acaso. Quando nos reunimos, discutimos, mesmo assustados, a grandeza que há em nós e que a nós não pertence. Como nos alimentarmos de amor e esperança para seguir lutando na guerra? Sim, estamos em guerra e acreditamos que todo guerreiro precisa sim de um tempo próprio para respirar. Respirar e pensar, permitir que a arte atue em nós antes e sempre em nossa atuação artística. Energia se perde. Se não reposta enfraquece, pois tudo mesmo há que se cultivar. Abrimos nosso espaço que carinhosamente chamamos de Galeria de Arte Indígena Contemporânea. É uma forma de pedir para estar presente neste mundo que tanto criticamos, mas fazemos parte e até o alimentamos. Vamos passear com todas as frentes da arte que tivermos o merecimento de projetar para compor o lado das energias boas. Vamos receber a todos com o mesmo carinho e com a mesma disposição de trocar energias que acreditamos ter. Estamos solicitando a colaboração financeira de um valor simbólico, pois somos livres trabalhadores autônomos. Tudo nesta experiência tem sim um propósito diferenciado de tudo que já vivemos. Diferente, pois somos bastante diferentes, mas iguais no mesmo palco da vida plural. Eu, Jaider Esbell, com toda a minha expressão puxo poemas textuais, Zöe Clara e Benjamim Mast, com voz e violão, trazem repertório latino especial. Mishta e Manatit, do coletivo Ecoaecoa, harmonizam com suavidade poético-musical-corpóreo-expressional a densidade de uma estética fluida. Teremos Damurida como mais um componente espiritual, que entra no corpo para tocar a alma. Lenice Raposo é quem serve o prato milenar de nossa cultura Makuxi. Embaixo de uma árvore nativa, um palco-vida na periferia diferenciada de nossa primeira ou última capital desse nosso amado Brazil. As origens mescladas, as nacionalidades dos artistas no palco também são amalgama para entender que só ao olhar a continuidade das coisas podemos ver de fato os múltiplos horizontes, para, talvez, escolher um caminho razoável para reivindicar com dignidade a condição de ARTISTA. Tudo provocação para no fim colher o amor.
A produção do espaço tem o toque certeiro de Isaias Miliano, o índio Patamona.
Agende-se e venha viver conosco!