Abril indígena 2020 – O filme é nosso


Abril indígena 2020 – O filme é nosso

Se temos medo dos bichos, ainda nos querem animais. Vai ser preciso. Vencer é deixar tudo vivo. Acredite e é. É tão bom ser natureza, dura uma vida inteira. Vida, coisa para sempre. Vida, coisa inteira. Coisa, algo completo, sem explicação. Coisa, algo positivo, forma de lidar. É que existe fórmula. A formula é a fábula. Orgânica, elementar, ela. Se nos angustia a solidão ainda estamos apartados. Ainda estamos pesados, cercados por muros altos. Somos o dono filme, cortemos cenas-tristeza.
Patos devem estar em lagos. Lago deve estar gelado. Patos felizes, lá. Patos no meu coração, no alto acima, nossas cabeças. A lua está se enchendo. Em dois dias, transborda. Bordados em seus vestidos, quero lhe escutar. Cacemos vestígios. Sonhos, boas pistas. Caçadas nem sempre há caça, andares nas profundezas. Profundas purezas. Longe está o homem, o mal. Vento virá toda vez, consigamos. Conseguimos, vento não para nunca. O filme é nosso, cortemos cenas-solidão.
Você é boa, tão boa, tamanho leve, vai-se em águas. Você é bom, tão bom, vai qual águia. Não comparativo, você águia. Águia contemplativa, garras recolhidas como para a vida, sem fome. Você é defensora, como onça, dormes saciada, Vigia campos em sonhos, viva. Acordada, sonha, viva. Você é mãe, essas param mundo, hora de amamentar. Há horas em que tudo para. Eu mesmo já o pus a parar. O filme é nosso, cortemos cenas-ansiedade.

Não lhe conheço bem. Sei que bem que tu me conheces. Sou aquela paisagem, aquilo de sonha-comum. Não um sonho comum, um sonho que todos têm. Como isso é dito em sentimentos? Palavras, até certo ponto. Depois, caminho das pedras, logo asas, você é infinita. Arte limitada, ainda temos bichos. Ainda tememos nós, o meu, é nós. Senti farejar de políticos. Vieram para sondar, tratar poder-vaidade. O filme é nosso, cortemos cenas-partidos.
Hoje, não mais um dia, hoje. Agora, não mais um tempo, agora. Sábios nada procuram, nadam em discrição. Distintas palhas, ninhos nos bicos. Ovos de Amor, não é pra dizer. Amor é para fazer, muito prazer. Entre nós não há externos. Cobranças? – outro endereço. Faleis ao pote – água de beber. Faleis ao barro – você é meu bebê. Deixais apenas rastro, rastro que ninguém vê. O filme é nosso, futuro nosso caber. Prazer, eu vim lhe ser. O filme é nosso, holofotes pra tudo ver!