Abril indígena 2020 – O colorido interior


A fome, que não é fome, dá um colorido interior, experimente. Eu havia já falado que a mente mente, minha gente. Eu havia falado que, para mim mesmo, pajé vinha de dentro e não de cima. Ou será de baixo ou mesmo é nosso paralelo? Essa noite vi meu inimigo. E não é que ele já estava todo dentro de mim? Botei para correr, tranquei-o lá, fora do mundo dos mundos.

Escolhi sonhar a noite toda, tive o merecimento da presteza servitude, gratidão. Me pus a trabalhar as energias, nos campos das cirurgias. Minha arma foi poesia pura. Só poesia mesmo, sabe, po-e-sia. Aquela deusa-poesia me desceu, desceu vertiginosamente! A poesia é oração, armadura que blinda projetando luz na escuridão. Coisa da inconsciência, o colorido mais que interior.

As lanternas da poesia vão em todas as direções. Raramente retilínea, a poesia-facho-luz vai nas estruturas do escuro, o tal que não nos persegue. Tem a escuridão que nos ilude, essa que não aparece, um tipo de trevas disfarçada de normalidade. É que passamos tanto tempo de olhos abertos. Olhamos embobecidos entretenimentos o que não nos permite olhar-se dentro.

Os velhos, os nossos velhos estão dentro da gente. E eles nem são velhos eu diria. Diria se pudesse que a mente é quem cria e se recria. Um dia, quando a gente se permitir, eles vão aparecer. Eles virão do coração, decanto de oração. Eles vão simplesmente sair de dentro da gente e nos botar para dormir. Então eles vão trabalhar nas decisões. Vão ser de novo poesia, o colorido interior. Permitamos!