Exposição EPU-TÎTO – Artes e indígenas hoje – Textos da curadoria


Texto 03 – O PROTAGONISMO INDÍGENA – PAISAGEM E DIVERSIDADE NATIVA
Tema contextual do III Encontro de Todos os Povos, aos artistas indígenas, coube o desafio de representar na arte a síntese de realidades e possibilidades. Pretendíamos evidenciar a passagem, a presença ou ausência dos indígenas na paisagem e no contexto contemporâneo. O resultado é apresentado nas obras de Ávilo Esbell, Amazoner Okaba, Bartô, Carmézia Emiliano, Charles Gabriel, Isaias Miliano, Jaider Esbell, Luiz Matheus, Mário Flores Taurepang, Florêncio Taurepang, Alan Raposo, Diogo Lima e Vinicius Kenede. Cada obra desta exposição carrega, em particular, elementos que se associam e se dispersam na conjuntura e em contextos. O mundo precisa de rumo. Os indígenas ainda vivem e podem ter um, mas estão invisíveis. Sem pretender possuir a grande saída, artistas falam de trajetória, de ancestralidades, da teia da vida e da harmonia com a natureza. Poderiam saberes e poderes ancestrais fazer conexão com o conhecimento cientifico e a tecnologia de ponta? Poderia, mas é preciso que o conhecedor de ancestralidades seja visto como tal. Estudar invisibilidade na arte, sendo o índio o elemento criador e invisibilizado, pode ter um efeito eruptivo de mostrar isso. A mostra revela-se como convite, de outro modo, com outras cores, outros ajustes. Como toda arte, pede que o interlocutor se permita o exercício de estar, por um breve momento, fora de si e dentro do outro. Não é romper, agredir, radicalizar. O que seria, então, esse diálogo? Os artistas convidam seus olhos a passearem demoradamente em cada ponto, curva, linha. No fim, nada mais existirá se não nós, como iguais. Nas dores, nas alegrias, nas misturas da grande conexão que nos faz gente, una, com tudo que há e o que não há. O vazio está cheio, seus limites derramam insignificância e é urgente a reinvenção.