Passo a passo Makunaima


Bem vindos!
Antes de tudo uma boa aventura para entreter as nossas vidas.
A ideia de ganhar o mundo foi a forma mais direta que achei para voltar mais rápido pra casa. Eu menino, já bem distante da minha ideia de aldeia, com bastante curiosidade e vontade de fugir, fui. E como toda boa aventura eu estou cá e é com amigos que as sagas se fazem, vamos. Pois agora ganham rostos os antes imaginados companheiros. Passo a passo é um convite provocação de alguém que já está indo e abre a roda na fogueira para quem quer mais calor. Calor humano de seres da floresta. Estes que ainda relutam a vida metrificada das cidades procuram caminhos para as terras limpas. Vamos juntos. E é para a casa de meus avós que estamos indo. E meus avós são os donos dos tempos e de tanto saberem das coisas vivem hoje em nós. Devemos seguidas vezes estar diante dos feitos dos meus antepassados mas foi preciso um cruzar de mundos para que ainda hoje se tente reconhecer ao mundo fantástico as nossas origens. O quanto nos apequenamos com a variação de mundos. Perdemos e estamos buscando. Ainda me descobrindo a mim mesmo dei a conhecer a cidade grande e vi que havia caminho no meio dos prédios por onde meu avô andara. O meu avô. Esse que salvou a minha vida e me deu um universo paralelo para explorar. Hoje penso mais distante do alto dos prédios para onde a vista não dá mais. Lá, onde só chega o pensamento é para onde estamos indo. Longe de tudo isso veremos outros sentidos. Lá um pouco de nós vai ficar. De certo muitas certezas e coisas concretas devem virar pedras ou mesmo estrelas e ficar lá pelo céu. E chegarão outras histórias na cidade e a aldeia será mais diversa com essa passagem. Passo a passo Makunaima pretende dar em Makunaimî o herói traquino de nosso povo. No alto da montanha onde vive, ele tudo vê e nos espera, no meio do caminho. Espraiada na paisagem está a sua descendência e por isso tudo é tão sagrado. Ele está em cada casa simples em cada gota d’água que se forma naquele clima genesial. Há comparativo como todas as culturas que cultivam suas próprias origens. O sentido do universo ser maior em si mesmo e renovar-se de suas feridas estão descritos na oralidade e mesmo que isto não bastasse temos as evidências gráficas sem ideia de história. O grande Monte Roraima, o tronco maior da grande árvore Wazak’a. É lá para onde iremos olhar do alto os feitos dos deuses. De lá olharemos para a cidade e já teremos outros porquês. Uma viagem fantástica por leituras e dimensões de mundos. Havemos de sair outros ainda orvalhados pela essência que recebe o merecer de nossas almas. Daremos em dobro para o mundo, visto que já não caberemos em nós.
Foto: arte de Paula Berbert isnpirada do ato do corte da grande árvore Wazak’á.