MAKUSHI – MOKOSH – O RASTRO DO GIGANTE NA HOJE GIGANTE RÚSSIA


Senti uma imensa preguiça antes de embarcar para a Eurásia, um lugar ainda virgem pra mim. Sim, eu estava lá na minha zona de transtorno, as Terras de Makunaimî, alinhando as coisas desse meu avô travesso que se tornou Macunaíma, para ainda mais perturbar.
Eu estava lá com as meninas e com os meninos, os seres. Estava com as mães, com as cobras grandes junto virando cheiro, os pitiús das feiras dos tempos das fortes chuvas de lá. Embarquei meio tonto nesse voo da madrugada pois para sair dos lugares mais longínquos do mundo e chegar na hora, só mesmo saindo à meia noite.
Entrei no grande pássaro de ferro e fui parando aqui acolá e por fim mostrei o convite para a moça da decisão e ela me disse: empurre, a porta está aberta para você.
Chovia em Moscow e na descida da nave dava pra ver que além de gigante esse lugar é colorido e verde, ainda. Encontrei o Viliam e a Elena. João Daniel demorou com suas coisas e logo estávamos na estação toda a entourage. Iríamos seguir de trem por + 4 horas. Tipo 22:45 entramos no trem e as cabines eram caminhas duplas e então passei a imaginar se eu não estava mesmo era no Japão de onde tenho a ideia que todo mundo dorme em gavetas pois já não há espaço.
Dormimos um pouco enquanto nossa cama deslizava sobre os trilhos de ferro velho que agora se modernizam. Barriga bem cheia de uma comida nova que a moça do restaurante colocou sem pena pois queria mesmo vender. Não lembro se sonhei mas acordei no sonho.
Descemos na estação de Bryansk 4:30 da manhã. Estava um pouco frio com nevoeiro. Tava com aquele ar de nebulosidade com pessoas apressadas surgindo e desaparecendo no nevoeiro. Isso levou-me para aquelas cenas de filme sobre angústia de um tempo de guerra fria. Me sai depressa dessa depressão e fui buscar a alegria e achei.
Achei logo no mesmo dia, no campo, numa pequena comunidade onde vive a nostalgia.
O padre tocou o sino da rotina e eu entrei naquele som para falar com os ancestrais coisas nossas de antigamente.
Dizia então o sino; chegaram, os gigantes chegaram e um é o neto de Maku.
O arte-projeto The Giant steps já aconteceu na Austrália, Hungria, na maloca do meu povo na Terra indígena Raposa-Serra do Sol, no Brasil e agora estamos aqui.
Foi assim que conheci Mokosh.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Mokosh (do russo antigo Мокошь) é uma deidade eslava atestada na Crônica Primária, conectada a atividades femininas tais como tosquia, fiação e tecelagem.
O dia da semana devotado a Mokosh era sexta-feira. O culto à deusa (Mokosh) foi mais tarde substituído pelo culto à Virgem Maria e Santa Paraskevia, tão bem quanto a sagrada Mokriny.
[carece de fontes]
Ponto alto de nossa vivência por aqui a surpresa das mulheres cultas que a cultuam ainda bem viva e com boas lágrimas nos banhamos como irmãs.
Como coisa bem antes de Cristo e sua Mãe Maria elas me levaram à sua árvore sagrada e me deram uma fita para eu amarrar e então adentrar a um espaço sagrado só delas. O fiz, por merecimento, gratidão.
Daí o amor se esparramou por todo o campo e das longe fronteiras vieram indígenas daqui e me deram presentes, pediram e trocamos bênção forças e logo voltamos para o nosso campo de trabalho, a invisibilidade?
Meu coração tá enorme, enorme, enorme. Quando ele explodir definitivamente vou ser lançado em fragmentos para o espaço sideral, o lugar das constelações. Estou com saudade de lá, saudade essa palavra portuguesa que colonizou a nossa alma, profundamente a ponto de ser ponte, espelho e fonte.
Gratidão e viva bem, com amor absoluto por coisa eternas. Não vou contar a volta, pois não há voltas, jamais.